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domingo, 15 de março de 2009

O Horror do Passado

Múmias descobertas no Peru permitem nova visão de uma civilização perdida
Mariana Bazo/Reuters





Um gesto de dor preservado para a eternidade: a posição fetal podia ser uma forma de preparar para o renascimento

As múmias egípcias são as mais famosas e estudadas do mundo. Mas, quando o assunto é impacto dramático, as andinas podem surpreender. De doze múmias da cultura chachapoya encontradas nas florestas do norte do Peru , uma em especial impressionou os arqueólogos por seu gesto e expressão. Suas mãos sustentam a cabeça e, entre elas, uma boca escancarada urra de dor, lembrando o quadro O Grito, do pintor norueguês Edvard Munch. Sete anos atrás, exploradores encontraram três múmias de crianças incas de aparência igualmente impressionante nas encostas de um vulcão ao norte da Argentina. A 6.000 metros de altitude, a baixa temperatura fez com que os corpos fossem preservados. Órgãos internos, o sangue e até a pele permaneceram praticamente intactos, o que permitiu uma visão perfeita da serena fisionomia dos pequenos, como se a morte deles tivesse sido recente.
Os corpos dos chachapoyas permaneceram por 600 anos em uma caverna a 25 metros de profundidade até ser descobertos por um fazendeiro. Os chachapoyas se instalaram na região por volta do ano 800. Criavam lhamas e construíram cidades e fortalezas em áreas montanhosas de difícil acesso. A cidade mais bem preservada é Cuelap, a 3.000 metros acima do nível do mar, onde ruínas de 400 edifícios e torres de defesa, com paredes e frisos decorados, se escondem na mata. Apesar de sua elevada estatura e da fama de aguerridos lutadores, não conseguiram impedir, no século XV, a conquista pelos incas, que os chamavam de "povo das nuvens" (chachapoyas, na língua quíchua). A civilização então entrou em decadência. Como parte da política inca de subjugação de outros povos, adultos foram deportados para diversas regiões do império, que ia do Equador ao norte do Chile. Com a chegada dos conquistadores espanhóis, no século XVI, os poucos sobreviventes aliaram-se aos europeus na luta contra seus antigos dominadores.





Saedi Press/AP
O faraó Tutancâmon: tomografia para reconstituir a face


Foram os incas que ensinaram aos chachapoyas os métodos para embalsamar os mortos. Pedaços de algodão eram colocados debaixo das bochechas, na boca e no nariz, as vísceras eram retiradas, pernas e braços eram dobrados imitando um feto. A posição tem pelo menos duas explicações possíveis. "Pode ser uma forma de ocupar menos espaço ou de preparar o falecido para um renascimento no futuro", diz a arqueóloga Márcia Severina Vasques, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para evitarem a decomposição dos corpos na úmida Floresta Amazônica, os chachapoyas construíram plataformas de pedras e de madeira em penhascos que se elevam abruptamente no meio da mata. Também instalaram tumbas no interior de cavernas. A técnica funcionou. O mais difícil foi sobreviver ao vandalismo. Em 1996, camponeses descobriram mais de 200 múmias chachapoyas num penhasco próximo ao Lago dos Condores, a noroeste do Peru. Abriram os túmulos com ferramentas em busca de tesouros e roubaram peças. Quando souberam da notícia, arqueólogos do mundo todo correram para o local para barrar o vandalismo. Em 2000, um museu foi inaugurado na cidade próxima de Leimebamba para acolher os objetos.






Osvaldo Stigliano/El Tribuno/AP
Múmia inca: expressão facial preservada

Hoje as múmias dão um testemunho de enorme valor sobre sociedades do passado. O avanço da tecnologia de imagem, por exemplo, permite enxergar o corpo com precisão e em três dimensões – assim, recolhem-se informações difíceis de obter, como seus hábitos alimentares, rituais fúnebres e de que enfermidades sofriam. A tomografia realizada na múmia do faraó Tutancâmon, cuja tumba foi encontrada em 1922, permitiu reconstituir sua face, vista pela primeira vez em 3 300 anos. Encontrou-se também uma grave fratura no fêmur. Especialistas acreditam que uma infecção provocada por esse ferimento poderia ter sido o motivo da misteriosa morte do faraó, aos 19 anos. Outra múmia famosa é a de um caçador com mais de 5.000 anos encontrado nos Alpes italianos em 1991. Exames feitos em 2001 descobriram a ponta de uma flecha encravada no seu ombro esquerdo e vestígios de sangue de outras quatro pessoas, o que indicaria sua morte em luta. No caso das múmias chachapoyas, os achados são de imenso valor para compreender essa civilização perdida, que não dominava a escrita e não deixou documentos para auxiliar seu estudo. As múmias são uma ferramenta privilegiada para compreender o passado

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